Sapotaceae

Micropholis splendens Gilly ex Aubrév.

Como citar:

Eduardo Amorim; Mário Gomes. 2020. Micropholis splendens (Sapotaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

70.914,16 Km2

AOO:

40,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não endêmica do Brasil (Faria e Ribeiro, 2020), com ocorrência no estado do AMAZONAS, município de Manaus, Novo Airão, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Gabriel da Cachoeira.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Mário Gomes
Critério: B2ab(i,ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvores de até 30 m, não endêmica do Brasil (Pennington, 2006; Faria e Ribeiro, 2020), ocorrendo no domínio da Amazônia, associada à Florestas de Terra Firme, em cinco municípios do estado do Amazonas (Faria e Ribeiro, 2020). A espécie apresenta um EOO=57264km² e AOO=40km². Os centros de desmatamento de alta intensidade são situados na região Nordeste da Amazônia, Bolívia e o Peru. São verificados ainda um aumento acentuado no desmatamento em pequena escala. Esses eventos pequenos de desmatamento se espalharam por toda a Amazônia nos últimos anos, mesmo em áreas protegidas. Em conjunto, esses resultados aumentam a percepção sobre novas formas de ameaças incidentes na Amazônia e apresentam novos desafios para a conservação das florestas dessa região (Kalamandeen, 2017). Mesmo que a floresta possa ser resiliente a algum nível de seca ou outra mudança climática, os impactos adicionais do desmatamento e degradação podem reduzir essa resiliência (Betts et al., 2008). A construção de conjuntos habitacionais pelo poder público e privado é um dos principais responsáveis pelo desmatamento verificado nos últimos 18 anos (Nogueira et al., 2007). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. Mesmo registrada em Unidades de Conservação, a população da espécie apresenta-se severamente fragmentada, por isso, infere-se declínio de EOO, AOO e, qualidade e extensão do habitat no futuro, levando a espécie a uma categoria de ameaça, dependendo da redução verificada. A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: TER4 - Manaus. Mediante as diversas pressões que ocorrem na Floresta Amazônica e ao seu potencial oleaginoso, que pode levar a outras pressões no futuro, a espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) de extinção. Demandando assim, ações de pesquisa (tendências e números populacionais) e conservação (estabelecimento de UCs e programas de conservação in situ e ex situ) a fim de se garantir sua sobrevivência na natureza.

Último avistamento: 2013
Quantidade de locations: 3
Possivelmente extinta? Não
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora/JBRJ e publicada em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como Em Perigo (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após cinco anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2011 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Memoirs of The New York Botanical Garden 23: 210. 1972. Caracterizada por apresentar folhas finamente estriadas, com indumento marrom-avermelhado persistente na superfície inferior das folhas, as flores grandes com estames exsertados e frutas em bico (Pennington, 2006).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvores de até 30 m (Pennington, 2006), ocorrendo no domínio da Amazônia (Faria e Ribeiro, 2020).
Referências:
  1. Pennington, T.D., 2006. Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Sapotaceae. Rodriguésia 57, 251–366. https://doi.org/10.1590/2175-7860200657210
  2. Faria, A.D.; Ribeiro, J.E.L.S., 2020. Micropholis. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB39462 (acesso em 18 de março de 2020).

Reprodução:

Fenologia: flowering (Dec~Jan), fruiting (Apr~undefined)

Ameaças (9):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future regional high
Com uma alta densidade demográfica (41 hab. por ha), na zona Norte de Manaus o crescimento populacional tem sido o principal responsável pela degradação ambiental que a mesma vem sofrendo. A construção de conjuntos habitacionais pelo poder público e privado é um dos principais responsáveis pelo desmatamento verificado nos últimos18 anos. Mas sua proximidade com a Reserva Adolpho Ducke há uma grande preocupação, pois os estudos mostram que a Reserva sofre grande pressão devidoao surgimento cada vez mais intenso de ocupações irregulares em seu entorno (Nogueira et al., 2007).
Referências:
  1. Nogueira, A.C.F., Sanson, F., Pessoa, K., 2007. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais, in: Anais Do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Florianópolis, pp. 5427–5434.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat past,present local high
A área de mata ciliar da cachoeira Baixa do Tarumã, sofre aos efeitos das atividades humanas como por exemplo o turismo. (Farinaccio e Stevens, 2009).
Referências:
  1. Farinaccio, M.A., Stevens, W.D., 2009. Matelea quindecimlobata (Apocynaceae, Asclepiadoideae), a New Species from Amazonas, Brazil. Novon A J. Bot. Nomencl. 19, 156–158. https://doi.org/10.3417/2007134
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future local high
Os centros de desmatamento de alta intensidade situados na Amazônia foram deslocados do tradicional Arco do Desmatamento brasileiro para a Bolívia, o Peru e a região Nordeste da Amazônia. Foi verificado ainda um aumento acentuado no desmatamento em pequena escala, parcialmente compensando os declínios relatados anteriormente. Os eventos pequenos de desmatamento se espalharam por toda a Amazônia nos últimos anos, mesmo em áreas protegidas. Em conjunto, esses resultados aumentam a percepção sobre novas formas de ameaças incidentes na Amazônia e apresentam novos desafios para a conservação das florestas dessa região (Kalamandeen, 2017).
Referências:
  1. Kalamandeen, M., Gloor, E., Mitchard, E., Quincey, D., Ziv, G., Spracklen, D., Spracklen, B., Adami, M., Aragão, L.E.O.C., Galbraith, D., 2018. Pervasive Rise of Small-scale Deforestation in Amazonia. Sci. Rep. 8, 1600. https://doi.org/10.1038/s41598-018-19358-2
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future national very high
A mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica entre 2005 e 2015. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al., 2017). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro.
Referências:
  1. Sonter, L.J., Herrera, D., Barrett, D.J., Galford, G.L., Moran, C.J., Soares-Filho, B.S., 2017. Mining drives extensive deforestation in the Brazilian Amazon. Nat. Commun. 8, 1013. https://doi.org/10.1038/s41467-017-00557-w
  2. Veiga, M.M., Hinton, J.J., 2002. Abandoned artisanal gold mines in the Brazilian Amazon: A legacy of mercury pollution. Nat. Resour. Forum 26, 15–26. https://doi.org/10.1111/1477-8947.00003
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 4.1 Roads & railroads habitat past,present national very high
Pfaff (1999), em estudo econométrico a nível municipal conduzido na Amazônia brasileira entre 1978–1988, indica que as estradas são um importante fator de desmatamento em toda a Amazônia. Pfaff et al. (2007) apontam ainda o impacto severo da abertura de estradas na Amazônia, que leva invariavelmente a mais desmatamento, não só nos municípios e povoados por onde passam, mas também em setores vizinhos, através do efeito de “transbordamento” (spillover effect).
Referências:
  1. Pfaff, A.S.P., 1999. What drives deforestation in the Brazilian Amazon? Evidence from satellite and socioeconomic data. J. Environ. Econ. Manage. 37, 26–43. https://doi.org/10.1006/jeem.1998.1056
  2. Pfaff, A., Walker, R., Aldrich, S., Caldas, M., Reis, E., Perz, S., Bohrer, C., Arima, E., Laurance, W., Kirby, K., 2007. Road Investments, Spatial Intensification and Deforestation in the Brazilian Amazon. J. Reg. Sci. 47, 109–123.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3.4 Unintentional effects: large scale (species being assessed is not the target) [harvest] habitat past national very high
Incentivos fiscais generosos oferecidos pelo governo brasileiro para fazendas de gado na Amazônia nos anos 70 e início dos 80 foram motivos importantes para ampliação do desmatamento, apesar da baixa produtividade das pastagens (Binswanger, 1991).
Referências:
  1. Binswanger, H.P., 1991. Brazilian policies that encourage deforestation in the Amazon. World Dev. 19, 821–829. https://doi.org/10.1016/0305-750X(91)90135-5
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded habitat past,present,future national very high
As recentes tendências à seca na Amazônia mostram algumas semelhanças com os modelos projetados de computador, mas ainda não é possível atribuir esses eventos às mudanças climáticas antropogênicas. Embora a floresta possa ser resiliente a algum nível de seca ou outra mudança climática, os impactos adicionais do desmatamento e degradação podem reduzir essa resiliência (Betts et al., 2008).
Referências:
  1. Betts, R.A., Malhi, Y., Roberts, J.T., 2008. The future of the Amazon: new perspectives from climate, ecosystem and social sciences. Philos. Trans. R. Soc. B Biol. Sci. 363, 1729–1735. https://doi.org/10.1098/rstb.2008.0011
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat past,present,future national very high
Silva-Junior et al. (2018) mostraram que a suscetibilidade da paisagem aos incêndios florestais aumenta no início do processo de desmatamento. Em geral, seus resultados reforçam a necessidade de garantir baixos níveis de fragmentação na Amazônia brasileira, a fim de evitar a degradação de suas florestas pelo fogo e as emissões de carbono relacionadas. A redução do passivo florestal decorrente da última modificação do Código Florestal aumenta a probabilidade de ocorrência de degradação florestal pelo fogo, uma vez que permite a existência de áreas com menos de 80% de cobertura florestal, contribuindo para a manutenção de altos níveis de fragmentação. Os mesmo autores preveem que a degradação florestal por fogo continuará a aumentar na região, especialmente à luz do relaxamento da lei ambiental mencionada e seus efeitos sinérgicos com mudanças climáticas em curso. Tudo isso pode afetar os esforços para reduzir as emissões do desmatamento e da degradação florestal (REDD). Esses autores indicam que ações para prevenir e gerenciar incêndios florestais são necessárias, principalmente para as propriedades onde existem passivos florestais que são compensados ​​em outras regiões.
Referências:
  1. Silva Junior, C., Aragão, L., Fonseca, M., Almeida, C., Vedovato, L., Anderson, L., 2018. Deforestation-Induced Fragmentation Increases Forest Fire Occurrence in Central Brazilian Amazonia. Forests 9, 305. https://doi.org/10.3390/f9060305
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.2.10 Large dams habitat past,present,future national very high
De acordo com Fernside (2016), o Brasil tinha, até Maio de 2015, 15 barragens “grandes” (definidas no Brasil como barragens que possuam > 30 MW de capacidade instalada) instaladas na região da Amazônia Legal com reservatórios preenchidos. Outras 37 “grandes” barragens estão planejadas para serem construídas ou em construção, incluindo 13 barragens ainda não preenchidas que foram incluídas no Plano de Expansão de Energia do Brasil 2012-2021 (Brasil et al., 2012). A retração econômica do Brasil desde a publicação do referido plano resultou no alongamento dos horizontes de tempo para vários desses 62 projetos, mas o plano 2014-2023 ainda prevê a construção/estabelecimento de 18 represas na bacia amazônica em seu plano para os próximos 10 anos (Brasil et al., 2014).
Referências:
  1. Fearnside, P.M., 2016. Environmental and Social Impacts of Hydroelectric Dams in Brazilian Amazonia: Implications for the Aluminum Industry. World Dev. 77, 48–65. https://doi.org/10.1016/j.worlddev.2015.08.015
  2. Brasil - Ministério de Minas e Energia, 2012. Plano Decenal de Expansão de Energia 2021. Empres. Pesqui. Energética. Brasília MME/EPE.
  3. Brasil - Ministério de Minas e Energia, 2014. Plano Decenal de Expansão de Energia 2023. Empres. Pesqui. Energética. Brasília MME/EPE.

Ações de conservação (4):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na Área De Proteção Ambiental Margem Esquerda Do Rio Negro-Setor Aturiá-Apuauzinho (US), Reserva Biológica Do Uatumã (PI) e Reserva De Desenvolvimento Sustentável Do Rio Negro (US).
Ação Situação
5.1.1 International level on going
A espécie foi avaliada como Quase ameaçada (NT) e está presente na Lista Vermelha de Espécies ameaçadas da IUCN (World Conservation Monitoring Centre, 1998).
Referências:
  1. World Conservation Monitoring Centre, 1998. Micropholis splendens. The IUCN Red List of Threatened Species 1998: e.T35648A9948277. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T35648A9948277.en. (acesso em 18 de março de 2020).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como Em perigo (EN) e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Portaria MMA no 443/ 2014. URL http://www.dados.gov.br/dataset/portaria_443
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Manaus - 4 (AM).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
7. Fuel natural whole plant
A espécie apresenta potencial oleaginoso para a produção de Biodiesel (Miranda et al., 2004).
Referências:
  1. Miranda, I.P. de A., Rabelo, A., Barbosa, E.M., Melo, Z.L. de O., Santiago, F.F., Moura, J.B.B. de, 2004. Levantamento Quantitativo de Espécies Oleaginosas para Produção de Biodiesel na Reserva Extrativista do Capanã Grande – Município de Manicoré-AM.